Aprende a desenvolver

2.2.3. Desenvolvimento cognitivo

 

É muito importante compreender a forma como as crianças pensam em situações de aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo depende da interacção da criança e o meio de aprendizagem.

Muitas são as teorias que se propõem a explicar como se dá a aquisição do conhecimento, mas poucas são as dirigidas para a interacção sujeito/objecto, que é fundamental para o desenvolvimento da criança.

A abordagem interacionista, tem em Piaget e Vygotsky dois dos seus maiores expoentes.

Para Piaget, o ser humano interage com o meio, adaptando-se a si e a ele, através da assimilação e acomodação, em busca de equilíbrios sucessivos e progressivos. Distingue quatro estádios principais de desenvolvimento:

- Estádio Sensorial (do nascimento até aos 18 meses/2 anos): baseia-se principalmente, na experiência imediata através dos sentidos em que há interacção com o meio. Trata-se de um de construção do real através de esquemas do objecto, sendo a busca visual fundamental para o desenvolvimento mental. Nos primeiros meses de vida, a experiência de ver objectos e, posteriormente, ver os mesmos objectos desaparecer e aparecer tem também um importante papel.

- Estádio pré-operatório (dos 2 anos até aos 6/7 anos de idade): neste estádio, as crianças, aumentam a capacidade de armazenamento de imagens, como as palavras e as estruturas gramaticais da língua. É o período em que as crianças estão mais abertas à aprendizagem da língua, sendo o modo de aprendizagem predominantemente intuitivo. As crianças têm um pensamento concreto e irreversível.

- Estádio operatório concreto (dos 6/7 anos aos 11/12 anos de idade): é o estádio das operações concretas, em que as crianças compreendem as relações funcionais, porque são específicas e porque podem testar problemas. A sua capacidade de compreensão do mundo, passa a ser lógica. A criança adquire duas propriedades fundamentais designadas por transitividade (capacidade de dedução da criança) e a conservação (permanência de um objecto e das suas propriedades). É também neste estádio, que as crianças deliciam-se a fazer piadas mais sofisticadas e até atraentes para os adultos.

- Estádio operatório formal (a partir dos 11/12 anos de idade): a transição para o estádio das operações formais é bastante evidente, dadas as notáveis diferenças que surgem nas características do pensamento. É no estádio operatório formal que a criança realiza raciocínios abstractos, não recorrendo ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às representações abstractas.

É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver, neste período problemas e existências de dúvidas entre o certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita.

 

 Vygotsky defende que a única aprendizagem significativa, é a que ocorre através da interacção o sujeito, o objecto e outros sujeitos. A sua teoria é muito semelhante á de Piaget. O que verdadeiramente distingue Vygotsky de Piaget é a descrença do primeiro em relação a uma hierarquia de estádios do desenvolvimento cognitivo tão determinista como a que Piaget desenvolveu. Dá maior relevo aos contextos culturais e ao papel da linguagem.

Vygotsky defende que a criança aprende melhor quando é confrontada com tarefas que impliquem um desafio cognitivo não muito discrepante, ou seja, que se situem num desenvolvimento próximo.

Defende o processo de apropriação, que consiste tornar o estranho em conhecido. A forma como nos apropriamos ao objecto depende da ligação que temos com o objecto, se estamos ou não interligados com ele. Para isso, é necessário algo intermédio, que Vygotsky chamou de mediadores. Distingui-os por internos (imagens ou conhecimentos já adquiridos que nos levam a entender novos conhecimentos) e externos (objectos externos a nós que nos levam a compreender algo, como por exemplo o professor a transmitir conhecimentos ao aluno). As pessoas usam instrumentos que vão buscar à cultura onde estão imersas, sendo um deles a linguagem, que funciona como mediador entre o sujeito e o ambiente social. A internalização dessas competências leva à aquisição de competências de pensamento mais desenvolvidas, constituindo o cerne do processo de desenvolvimento cognitivo.

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