2.2.1. Desenvolvimento físico

Desenvolvimento físico na infância

Num recém-nascido, a cabeça e o tronco estão mais desenvolvidos, comparativamente às restantes partes do corpo. Enquanto a cabeça poderá crescer o dobro, as restantes partes do corpo (braços, pernas) poderão desenvolver-se até cinco vezes mais. É importante referir, que os recém-nascidos não são adultos em miniatura, portanto à que compreende-los e observá-los como tal.

Normalmente, os bebés normais seguem estes padrões, parecendo o crescimento das raparigas ser mais estável e constante do que o dos rapazes.

 O sistema nervoso está completo nesta fase, não aumentando posteriormente o número de células, apesar de estas crescerem e desenvolverem. É necessário muitos anos para que este sistema funcione eficazmente.

Cada neurónio (célula nervosa), tem as funções de transmitir mensagens (impulsos neuronais) de e para todas as partes do corpo. O neurónio é composto por fibras e corpo celular. Estas fibras recebem as mensagens reenviando-as para o seu destino. A extremidade receptora do neurónio é o dendrito e a transmissora designa-se por axónio.

A mielinização do sistema nervoso, não se encontra completa nesta altura, ocorrendo assim, “curto-circuitos” nos impulsos neuronais do bebé. Por isso é que observa-se uma serie de movimentos descoordenados no bebé, dando ideia de estar sempre a mexer todo o corpo.

A maturação do córtex cerebral, essencial à aprendizagem e ao comportamento complexo, só se torna funcionalmente maduro por volta dos dois anos, continuando até aos doze ou quinze anos.

Existe uma característica muito uniforme nos recém-nascidos, sendo ela, o sono. Os bebés passam grande parte do tempo a dormir (média de dezasseis horas por dia).

Desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor é um dos aspectos mais importantes da infância. Segundo um estudo realizado por M. M. Shirley, sobre o desenvolvimento dos bebés, sugere que existe um padrão definido para o desenvolvimento motor. Este padrão dizia que inicialmente, os bebés seguram a cabeça antes de se sentarem sem apoio, sentando-se antes de gatinhar e gatinhando antes de caminhar.

Outros estudos também demonstram que o desenvolvimento motor ocorre de acordo com três regras gerais:

· Progressão cefalo-caudal - refere que a capacidade motora se desenvolvia no sentido da cabeça aos pés. Isto é, os bebés possuem a cabeça mais desenvolvida do que as restantes partes do corpo, possuindo também um maior controlo motor desta. Assim o desenvolvimento motor segue este sentido, começando na cabeça, percorrendo, o tronco e as pernas, chegando aos pés.

· Progressão poximodistal – o crescimento e a capacidade motora, desenvolvem-se no sentido do eixo central do corpo para fora, isto é, os movimentos ocorrem mais cedo nos ombros, seguindo-se os braços e posteriormente as mãos.

· Progressão da acção concentrada para específica – refere que as primeiras acções do bebé são globais e não específicas, observando-se, com o desenvolvimento do bebé, respostas com movimentos específicos, dirigidos.
 

Desenvolvimento sensorial

Existem estudos realizados, para descobrir o que os bebés são capazes de receber através dos seus sentidos. Segundo estudos realizados, o sentido mais desenvolvido nesta altura é o paladar, sendo capazes de distinguir o sabor (doce e o azedo). Também foram observadas respostas a diferentes cheiros, poucas  horas após o nascimento.

Quando à audição, devido ao tempo que o líquido amniótico pode levar a desaparecer do mecanismo auditivo, alguns bebés respondem ao som logo a seguir ao nascimento, enquanto outros, só passado alguns dias. São capazes de além de responder ao som, discriminar diferentes sons, revelando uma preferência pela voz maternal (regista-se em bebés de apenas três dias).

A visão desenvolve-se mais lentamente que os outros sentidos. Os bebés vêm entre 20 a 30 cm de distância, podendo assim ver a cara da mãe. Verificou-se num estudo, que os bebés de um mês de idade, podiam distinguir as caras conhecidas e desconhecidas. Aos seis meses, além de distinguirem as imagens, distinguem as cores e as formas circulares de triangulares. Também foi demonstrado num estudo, que conseguem percepcionar a profundidade e consequentemente, situações que possam cair.

Desenvolvimento físico na adolescência

 O desenvolvimento físico na adolescência ocorre mais precocemente nos rapazes, sendo os rapazes aos dez anos, em média, relativamente mais altos e pesados que as raparigas, estas tornam-se mais pesadas e mais altas por volta dos treze anos. Este processo inverte-se novamente por volta dos dezasseis anos.

A adolescência das raparigas é marcada pelo aparecimento da menstruação, ocorrendo simultaneamente o desenvolvimento dos seios, por volta dos treze anos (podendo suceder entre os 10 e os 16).

Nos rapazes, a adolescência pode ser marcada, pelo aparecimento dos pêlos púbicos, do crescimento do pénis e dos testículos e, pela sua primeira ejaculação. Começa geralmente entre os onze e os dezassete anos.

É importante, nas raparigas, que haja por parte dos pais ou adultos próximos apoios, sendo informadas a ocorrência de mudanças na adolescência (menarca) crescimento dos seios e pelos púbicos), evitando acontecimentos traumáticos. Com o apoio, as raparigas poderão sentir-se mais seguras de si, tendo orgulho em se estarem a tornar-se “crescida”.

Já nos rapazes, existe uma série de razões que levam a problemas psicológicos, como a puberdade tardia. Estes sentem-se inferiores por serem fisicamente menos desenvolvidos, principalmente devido ao crescimento tardio do pénis, podendo sentirem-se excluídos, “postos de parte” por outros rapazes.

Na sociedade em geral, existe uma imagem de diferenciação de formas do corpo, comportamentos e atitudes por parte das raparigas e dos rapazes, criando estereótipos. Desde o nascimento, os rapazes principalmente são influenciados para praticarem determinados desportos e tomarem determinados comportamentos e atitudes. Devido à criação de estereótipos os jovens sentem-se “obrigados” a segui-los para não serem excluídos da sociedade.