Aprende a desenvolver

2.2.4. Desenvolvimento moral

 

A moralidade foi estudada por vários psicólogos, quer do ponto de vista afectivo (Psicanálise), quer do ponto de vista comportamental (Behaviorismo), como do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg).

Ao analisar o desenvolvimento moral, Piaget destacou a importância dos pares no processo de socialização, defendendo que a relação de obediência da criança com o adulto favorece o desenvolvimento de uma moral heterónoma (predomina até aos 8/9 anos de idade), enquanto a cooperação entre pares, tornará a criança capaz de uma moral autónoma (predomina em crianças com mais de 9/11 anos). Isto porque, por mais que o adulto procure compreender o ponto de vista da criança e procure estabelecer ligação de igual para igual, as relações permaneceram sempre hierarquizadas, proporcionando apenas o respeito unilateral entre eles. Por sua vez, as relações entre crianças proporcionarão a descentração e surgiram sentimentos de reciprocidade e respeito mútuo, elementos indispensáveis para a autonomia. Crê que o constrangimento não favorece o desenvolvimento moral, porque impedem o desenvolvimento da autonomia.

Kolhberg dá seguimento ao que Piaget afirmava, elaborando uma teoria de desenvolvimento moral, composta por seis estádios. A teoria de Kolhberg é um dos exemplos mais significativos de uma teoria moral centrada na defesa dos princípios éticos e preocupada com o desenvolvimento do raciocínio moral.

Os estádios que fundamentou, foram os seguintes:

 

Nível Pré-convencional

Neste nível, o indivíduo raciocina em relação a si mesmo e ainda não compreendeu ou integrou totalmente as regras e expectativas sociais.

Estádio 1 (dos três aos cinco anos de idade)

·         Pressupõe uma moral heterónoma, isto é uma educação que visa à obediência a uma entidade de respeito vinda do exterior e para o castigo;

·         Evita infringir regras que acarretem punições e evita danos físicos a pessoas e bens;

·          A acção é avaliada pelas consequências, castigo ou recompensa, da autoridade exterior, isto faz com que a criança não aja por ela mesma.

 

Estádio 2 (dos cinco aos setes anos de idade)

·         Seguir as regras apenas quando se trata do interesse imediato de alguém;

·         Agir de forma a satisfazer os próprios interesses ou necessidades e deixar os outros fazerem o mesmo;

·         Individualismo, apropria-se de tudo ao seu dispor;

·         Orientação egoísta, em que a criança só é capaz de um raciocínio moralmente correcto, apenas para aquele que a beneficia.

 

Nível Convencional

Neste nível o indivíduo considera correcto, aquilo que está conforme e que respeita as regras e expectativas da sociedade.


Estádio 3 (dos oito aos onze anos de idade)

·         Orientação do bom rapaz, aquilo que o meio social e familiar compreende como parâmetros correctos.

·         Conformidade aos estereótipos sociais – orientação para agradar o outro;


Estádio 4 (14 anos de idade)

·         Cumprir os deveres com os quais concordámos;

·         As leis são para serem cumpridas, excepto em casos extremos em que entrem em conflito com outros deveres sociais estabelecidos;

·         Respeito pelas expectativas sociais depositadas no indivíduo, do contexto onde está inserido, princípios de honra relacionados com populações pequenas.

 

Nível Pós-convencional

Quando o indivíduo é capaz de entender que a justiça é diferente da lei, que algumas leis existentes podem ser moralmente erradas e deveriam ser modificadas.

Estádio 5 (desde os quinze anos de idade)

·         Orientação baseada nos contratos legais, nos direitos básicos e nos valores morais mesmo que exista conflito entre as regras do grupo.

·         Consideração do ponto de vista legal e do ponto de vista dos outros, procurando reconhecer o conflito entre eles, de forma a fazer escolhas que tragam o maior bem para o maior número.

 

Estádio 6

Orientação pelos princípios éticos universais – relação dos princípios éticos com a noção de justiça, dignidade humana, direitos humanos e igualdade de direitos. Aqui os princípios de justiça não são apenas produtos da sociedade para resolver eficazmente os conflitos, mas sobretudo o reflexo de uma ordem natural que reside tanto na natureza humana como na ordem cósmica. São princípios éticos e universais no sentido de que são um produto de desenvolvimento da natureza humana, estando assim presentes em todas as sociedades e culturas.


 

 

 

 

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